Introdução

”-O que é isso que você está comendo?” – Eu disse ao observar que dois colegas de faculdade comiam o que parecia ser ameixas, algo curioso pare se comer em sala de aula. “- Não te interessa, faz mal a você comer.” – Pela primeira vez em toda minha vida eu disse: “- É porque eu sou gorda?” – Me responderam – “É, e não vou te dar porque você vai comer tudo.” – Risos abafados formaram-se ao redor e então eu disse: - “Vocês acham que eu vou comer tudo porque sou gorda?” – Antes deles responderem outro colega fez uma piada e o assunto se foi.
Às vésperas de uma cirurgia bariátrica (popularmente conhecida como redução de estômago) ser chamada de gorda dói tanto quanto em inúmeras outras ocasiões no passado onde fui zombada e criticada. Os olhos se encheram de água, mas nenhuma lágrima caiu. Pela primeira vez desde que decidi realizar a cirurgia para emagrecer eu compreendi minha real condição. Não tive pena de mim. Orgulhei-me por ter dado um grande passo para salvar a minha vida.  Sim meus queridos. Quando as coisas chegam ao ponto que as circunstâncias e eu permiti que chegassem é caso de vida ou morte, mas não do corpo e sim da alma.
Sempre tive vontade de escrever um blog, tentei algumas vezes sem sucesso. Afogava minhas mágoas escrevendo e quando percebia tinha feito um blog de lamentações. Eu não queria publicar isso, só que “isso” era o que eu tinha me tornado. Minha psicóloga me disse recentemente que minha gordura era almofadinhas, amortecedor de dor. Eu ri e tive de discordar dela, eu tinha me tornado era em um colchão de mágoas. Até que uma luz brilhou em meus olhos e percebi que tudo era reversível. Havia esperança! Eu decidi mudar meu destino. Recomeçar. Aqui estamos nós.
Em dezembro será minha tão aguardada cirurgia e juntos vamos compartilhar de todos os momentos mais importantes da minha vida daqui em diante.  A contagem regressiva começou.